O tempo passa e, com ele, novos modelos de negócio e hábitos de consumo vão aparecendo. Muitas vezes, a atmosfera que se deseja atingir através da marca não é mais a mesma e o consumidor sente isso, já que sua vida, de certa forma, pode ser afetada por fatores inerentes, como a oferta de outros itens mais atrativos.
Esse é o momento em que o processo de rebranding da marca, que visa ressignificar a imagem que o cliente tem da empresa ou de um produto – uma vez que isso pode influenciar na decisão de compra – ganha destaque. Esse reposicionamento pode se dar de diferentes maneiras, como em mudanças na identidade visual ou na estratégia de marca.
Fato é que cada player sente essa necessidade de atualização de uma forma diferente e a aplica de acordo com suas intenções. Entretanto, alguns pontos devem ser levados em consideração para que a implementação desse novo ideal seja vista não só como uma alteração de marca, mas como reflexo do propósito da organização em repensar seu papel social.
Por conta da pandemia de Covid-19, as companhias estão vendo novas tecnologias surgindo a todo tempo, preferências do cliente phygital se tornando cada vez mais líquidas e públicos-alvo com perfis voláteis. As experiências de compra se alteraram e nada melhor do que mostrar para o consumidor por meio do rebranding que a empresa está atenta a tudo isso a ponto de realizar mudanças na prática.
Essa sensação de “preciso acompanhar as tendências” é realidade e, no mercado de negócios, em que as atualizações são quase que diárias, é preciso se preocupar em como alcançar esse ideal de produto ou serviço para não ficar para trás.
Outro caso bastante comum é quando a companhia cresce rápido e em larga escala, e aquela identidade visual desenvolvida inicialmente não exprime mais, em sua totalidade, a visão de como a organização se apresenta na vida das pessoas.
Desse modo, o branding surge como meio para se chegar a um fim: se manter lado a lado com as expectativas dos clientes. Contudo, por representar uma alteração não só estética, mas de cultura institucional, é fundamental se atentar a alguns aspectos externos antes de definir que essa ferramenta é a melhor solução:
É com base nesse conjunto de premissas que as decisões sobre os próximos direcionamentos do negócio devem se guiar. Afinal, a empresa está sujeita às variações de elementos que os gestores, por vezes, não possuem controle. Sendo assim, a melhor recomendação é se certificar que, além da necessidade de transformação, há um espaço viável para elaborar a mensagem desejada e escalá-la sem grandes problemas.
Um dos principais cases de rebranding atuais é o Nubank, que apresentou alterações na sua marca neste mês. Essa novidade acompanha uma fase de amadurecimento, em que a companhia se consolidou como maior banco digital internacional independente, com mais de 38 milhões de clientes, e com reconhecimentos como o da revista Time, em que foi eleita uma das 100 empresas mais influentes do mundo, sendo a única brasileira da lista.
Além disso, como uma das missões do Nubank é simplificar a vida das pessoas e possibilitar a inclusão financeira, a reformulação da marca serve para celebrar essas conquistas e os oito anos de criação do negócio. Tecnicamente, no logotipo, as curvas que formam o “nu” ficaram mais suaves e menos quadradas, trazendo a ideia de humanização. A fluidez também mudou um pouco, como se fossem duas fitas viradas, dando a sensação de movimento.
O preenchimento deu às letras um peso maior, deixando a leitura mais acessível. Houve a alteração para um novo tom de roxo e ajustes no aplicativo.
Todavia, essas transformações não foram de uma hora para outra. Este foi um momento que estava sendo pensado com cautela desde março de 2020, de acordo com o Nubank. Isso porque um projeto de tamanha magnitude requer estruturação e conhecimento de mercado e da sua própria audiência para sair do papel.
Tendo em vista o cenário exposto e algumas inferências observadas no processo de rebranding do Nubank, Frederico Burlamaqui, CEO da Marketing&Estratégia Consultoria, elenca os principais elementos para fortalecer a marca com mais facilidade:
As pessoas estão consumindo de modo consciente. A força da marca deve estar atrelada aos diferenciais que ela oferece e o rebranding deve ter relação com a experiência do consumidor. Por isso, o alinhamento é primordial.
Acompanhe o processo, desde a entrada do cliente na loja ou no site, mapeie possíveis falhas e acompanhe a jornada dele, incluindo um bom trabalho de pós-vendas.
Tenha bem estabelecido o propósito, a missão e os valores da sua empresa. Hoje o cliente busca uma identificação e são nesses objetivos, baseados no que a empresa realmente é, que se constrói essa relação.
Não adianta ter uma marca bem posicionada se o colaborador da empresa não sabe o que ela realmente oferece e para o que ele está trabalhando. São eles que, na maioria das vezes, têm o maior contato com o cliente e precisam saber quais as características exatas do produto ou serviço.
Vale lembrar que o momento ideal para realizar o rebranding é variável de empresa para empresa, pois não existe uma fórmula mágica que se aplica a todos os segmentos. Cada organização possui suas especificidades e são elas, se bem trabalhadas, que podem elevar o nível das operações e experiências.
O Burger King é outra organização que fez alterações na sua marca este ano. Em janeiro, a empresa anunciou uma reformulação estética em seu logo, fontes e toda a comunicação dos restaurantes no mundo todo.
O novo logo buscou inspiração no passado e é basicamente uma versão moderna do que foi usado pela empresa entre 1969 e 1994. Ao mesmo tempo em que se conecta emocionalmente com seus clientes mais antigos com esse “retorno”, a marca – mais simples, com apenas duas cores e formas arredondadas que remetem aos alimentos – foi pensada para funcionar bem em todas as plataformas digitais.
“O design é uma das ferramentas essenciais que nós temos para comunicar quem somos e o que valorizamos e ele desempenha um papel vital em criar o desejo pela nossa comida e maximizar a experiência do cliente”, disse Raphael Abreu, head de design da Restaurant Brands International, que cuida das marcas Burger King, Popeyes e Tim Hortons, no comunicado de apresentação da marca.
O rebranding da empresa uniu em conceitos minimalistas, história, relação com seus produtos e utilidade no mundo atual. Como em todos os casos de renovação de marca, o tempo dirá se foi uma boa aposta.
Fonte: Consumidor Moderno